Relações afetivas podem ser comparadas
a jogos e esportes. Cada casal escolhe o seu modo de praticar. Jogo individual
ou coletivo, com parceiro ou com oponente. Embora não inclua todos os esportes,
esta classificação envolve uma importante parte do universo dos
relacionamentos.
Os que praticam o jogo individual
caracterizam-se por ignorarem o parceiro. Cada um tem seus interesses, não
somam nada. Há apenas um encontro de corpos. Em muitos casos assemelha-se a uma
luta – tem início como o judô, com todos os seus rituais de habilidade e
concentração. Ao final é luta livre, vale tudo.
O casal vôlei de praia joga em dupla, e
separados do resto do mundo por uma rede de proteção. Juntos, homem e mulher
defendem seu espaço com vigor. E, quando a família cresce, formam um time hábil
e coeso. Objetivam a vitória, mas valorizam muito as jogadas. A principal
característica neste tipo de jogo é a troca e a ajuda mútua.
Outros também jogam em dupla, mas sem
rede. Interagem com todos, sem perderem o foco. É como uma partida de canastra,
onde há grande sintonia entre os pares. Troca de olhares e gestos mínimos falam
por si. Um ajuda o outro, para que ambos saiam vencedores. O objetivo é o mesmo
e, quando perdem, não há culpado. Renovam-se para a próxima partida. Nestes
jogos os parceiros costumam ser fixos e fieis.
Há casais que agem sempre como
oponentes. É o tênis. O objetivo do jogo é um mostrar-se melhor do que o outro,
forçando-o a cometer um erro. A rede que os separa é baixa, permitindo momentos
de aproximação. Concorrem principalmente na vida profissional. Mas em casa as
coisas não são muito diferentes. Discordam sobre quase tudo e nenhum abre mão
de nada. Acabam não tendo filhos, pois não conseguem chegar a um acordo sobre o
assunto. Quando se separam, tornam-se inimigos declarados. Seguem a disputa set
a set, até chegarem ao tie-break.
Levantamento de peso: um dos parceiros
carrega o outro nos ombros, como uma barra de ferro. Treme todinho, faz careta,
mas não desiste.
Os do atletismo correm, saltam
obstáculos, usam a vara - ou não. Juntos, separados, ou em sistema de
revezamento, acabam, invariavelmente, arriados no chão.
Relacionamento tão cheio de regrinhas,
que nem mesmo os interessados conseguem decorar todas, é basquete!
Este sistema de classificação não é
completo. Assim como nos esportes, existem muitas outras maneiras de se
relacionar. É possível a combinação de dois ou mais tipos, como o futevôlei,
onde se mistura a parceria do vôlei com a agressividade do futebol.
Para mim, o mais chato é o nado
sincronizado, onde tudo é previsível, combinado, esteticamente perfeito, mas
absolutamente sem emoção e sem surpresa.
E você, como classificaria o seu
relacionamento?
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