A vida sempre nos oferece mais de um caminho. É o livre arbítrio que
nos leva a seguir por um ou por outro. Se não houvesse opção, tudo pareceria
mais fácil; nem dúvidas, nem responsabilidades. Quando fazemos uma escolha,
estamos abrindo mão de alguma coisa em favor de outra. As opções de hoje nos
levam às colheitas de amanhã. Atalhos mal percorridos podem trazer consequências
desastrosas. Estradas mais longas, às vezes cansativas, podem levar a lugares
mais seguros e estáveis. Nem sempre o caminho mais curto é o melhor. Provavelmente,
nunca teremos certeza de ter feito a melhor escolha, a menos que pudéssemos viver
muitas vidas numa só, experimentando e recusando o que não nos fizesse bem. Como
não podemos, uma vez tomado o rumo, não se olha para trás, assumem-se as consequências.
Por isso há que se avaliar bem cada opção antes, para não se arrepender depois.
Até que ponto é certo atribuir à sorte o que se obteve com
esforço? Passar em um concurso público, seja para ingressar numa universidade
ou para um emprego, é sorte ou competência? Ter um bom marido/esposa é sorte ou
merecimento? Ter trocado lazer por estudo durante tanto tempo; ter feito a
escolha certa, na hora mais apropriada; ser competente e responsável; ser
amigo, leal e companheiro; tudo isso perde o valor quando é atribuído à sorte.
Ganhar um prêmio, sem ter feito esforço algum, além de preencher o cupom, é
sorte. Comprar um bilhete de loteria por dois reais e ganhar cem mil é sorte.
Mas, dar duro, esforçar-se, abrir mão de alguma coisa em prol de outra, é
escolha. E escolhas levam a resultados, bons ou ruins.
É fácil atribuir
ao azar nossa própria incapacidade ou indolência. É muito comum ouvirmos dizer
que fulano tem um azar, não para em emprego algum. Ou, como é azarado, bateu
com o carro pela terceira vez. Ou, ainda, que a coitada não dá sorte com
namorado, só arruma vagabundo. Afinal: Sorte ou azar? Esforço e merecimento ou
desinteresse e incompetência? Se a gente colhe o que planta, é óbvio que
ninguém colhe flores, se plantou urtigas. Mesmo assim, há quem as receba sem
ter plantado. Plantadas são garantia de muita colheita. Ganhas, são eventuais.
Sejam flores ou urtigas.
Boas escolhas dependem de muitos fatores: inteligência, equilíbrio
emocional, coragem, sensibilidade, intuição, competência, entre outros. Assim é
a vida: um leque de opções, que se abre diante de nós todos os dias,
cabendo-nos a tarefa de, enquanto percorremos o caminho, ir apanhando as frutas
maduras e deixando de lado as verdes, ir chutando as pedras e colhendo as
flores, bem como catando os inços e semeando a terra. Porque a colheita é
certa!