domingo, 27 de maio de 2012

A ESCOLHA É SUA

A vida sempre nos oferece mais de um caminho. É o livre arbítrio que nos leva a seguir por um ou por outro. Se não houvesse opção, tudo pareceria mais fácil; nem dúvidas, nem responsabilidades. Quando fazemos uma escolha, estamos abrindo mão de alguma coisa em favor de outra. As opções de hoje nos levam às colheitas de amanhã. Atalhos mal percorridos podem trazer consequências desastrosas. Estradas mais longas, às vezes cansativas, podem levar a lugares mais seguros e estáveis. Nem sempre o caminho mais curto é o melhor. Provavelmente, nunca teremos certeza de ter feito a melhor escolha, a menos que pudéssemos viver muitas vidas numa só, experimentando e recusando o que não nos fizesse bem. Como não podemos, uma vez tomado o rumo, não se olha para trás, assumem-se as consequências. Por isso há que se avaliar bem cada opção antes, para não se arrepender depois.    
Até que ponto é certo atribuir à sorte o que se obteve com esforço? Passar em um concurso público, seja para ingressar numa universidade ou para um emprego, é sorte ou competência? Ter um bom marido/esposa é sorte ou merecimento? Ter trocado lazer por estudo durante tanto tempo; ter feito a escolha certa, na hora mais apropriada; ser competente e responsável; ser amigo, leal e companheiro; tudo isso perde o valor quando é atribuído à sorte. Ganhar um prêmio, sem ter feito esforço algum, além de preencher o cupom, é sorte. Comprar um bilhete de loteria por dois reais e ganhar cem mil é sorte. Mas, dar duro, esforçar-se, abrir mão de alguma coisa em prol de outra, é escolha. E escolhas levam a resultados, bons ou ruins.
            É fácil atribuir ao azar nossa própria incapacidade ou indolência. É muito comum ouvirmos dizer que fulano tem um azar, não para em emprego algum. Ou, como é azarado, bateu com o carro pela terceira vez. Ou, ainda, que a coitada não dá sorte com namorado, só arruma vagabundo. Afinal: Sorte ou azar? Esforço e merecimento ou desinteresse e incompetência? Se a gente colhe o que planta, é óbvio que ninguém colhe flores, se plantou urtigas. Mesmo assim, há quem as receba sem ter plantado. Plantadas são garantia de muita colheita. Ganhas, são eventuais. Sejam flores ou urtigas.
Boas escolhas dependem de muitos fatores: inteligência, equilíbrio emocional, coragem, sensibilidade, intuição, competência, entre outros. Assim é a vida: um leque de opções, que se abre diante de nós todos os dias, cabendo-nos a tarefa de, enquanto percorremos o caminho, ir apanhando as frutas maduras e deixando de lado as verdes, ir chutando as pedras e colhendo as flores, bem como catando os inços e semeando a terra. Porque a colheita é certa!

(R)EVOLUÇÃO NA COZINHA



         Cozinhar há muito já deixou de ser uma prenda feminina. No meu caso, nunca foi. A pior tarefa doméstica é justamente a mais importante, sem a qual não vivemos. Podemos andar com as roupas amarrotadas ou sujas. Não é bonito, mas pode. Podemos deixar a casa suja, o pó tomando conta dos móveis e as camas desarrumadas. Mas não podemos deixar de comer. Para comer, alguém tem que cozinhar. E, depois de comer, alguém tem que limpar. E voltamos ao início. Podemos deixar de limpar a cozinha, mas não podemos deixar de fazer a comida na hora certa.
            Porém, observando uma propaganda de pizza pronta, numa revista semanal, percebi o quanto isso tudo é passado. Tempo da minha avó e da minha mãe. Já não é mais problema para mim e nem será para as gerações que se seguem. Desde que inventaram o freezer e o micro-ondas, a mulher foi libertada da cozinha. São coisas tão importantes na nossa evolução profissional e pessoal, quanto o uso de contraceptivo
            Hoje dispomos de fast-food, tele-entrega, restaurantes que funcionam 24 horas e grandes redes que fazem alimentos congelados, vendidos em qualquer supermercado. Basta adquirir um, ou vários, — para a semana toda, — e guardar no freezer de casa. Na hora da fome, mulher, marido ou filhos podem preparar a refeição de toda a família. Quase sem sujeira e pouquíssimo trabalho.
            Nos dias de hoje a cozinha está cada vez mais integrada à sala de estar, sem paredes, com lindos balcões de pedra, e máquinas facilitadoras para quase tudo. Sempre apta a receber os amigos para um drinque e uns petiscos. Nada de sujeira e cheiros fortes. Não é mais lugar para se esconder das visitas, fechando a porta, como quem varre a sujeira para baixo do tapete. Agora, queremos que todos visitem a nossa cozinha. E, principalmente, gostamos de ser visita em nossa cozinha. Adeus avental, touca e cheiro de cebola nas mãos. Por ali de passagem. Com o cabelo arrumado, o salto bem alto e as unhas perfeitas.