quarta-feira, 30 de maio de 2012

CORPO PRESENTE


É uma prática conhecida desde a Antiguidade, quando seguia certos rituais. Nem sempre é uma escolha consciente. Em geral, a iniciação é feita bem cedo, ainda criança, ou adolescente. Alguns começam dentro da própria família, outros, escondidos dela. Trabalham com pouca roupa, exibindo suas formas. Meninas, às vezes, são impelidas pelo anseio de se mostrarem. Vaidade e ambição terminam por transformar o prazer em atividade contínua, gerando certo grau de dependência. O corpo fala. Utiliza signos de movimento para se expressar. Convida ao gozo. Manter boa saúde é fundamental. Não possuem um local certo para exercerem seu ofício. Os bem sucedidos têm um público mais refinado. Os principiantes, ou menos habilitados, expõe-se nas ruas e praças mesmo.  Mostram seus atributos para uma clientela de perfil bem definido. Este perfil não está ligado ao poder econômico, mas, sim, ao deleite.        A atividade é mais aceita quando praticada pelas mulheres. As sociedades machistas não toleram com a mesma benevolência a intromissão dos rapazes nesta área. O preconceito é maior com os garotos. Mesmo assim, eles invadiram o espaço com coragem e ousadia. Hoje, seu trabalho é tão requisitado quanto o delas.
 O exercício da atividade sofre influência tanto dos movimentos do passado, como das novidades tecnológicas. A popularização de novos meios de comunicação de massa – internet, vídeo, celular – estabelece outras formas de conexão com o público-alvo. As transformações sociais da época moderna questionam certos virtuosismos. Atualmente, praticantes deste ofício também são modelados em bancos universitários. Diferentes movimentos surgem para difundir cada vez mais esta atividade, comumente vítima de atitudes sectárias. Novas condições sociais, tais como o individualismo, a urbanização e a liberalidade, trazem oportunidades de fusão com outras áreas, como o Turismo e o Cinema. O profissionalismo cruza fronteiras.
Embora envolva certo glamour, não é uma atividade fácil. Muito competitiva e de futuro incerto. Como sua ferramenta de trabalho é o próprio corpo, tende a ser de curta duração. Poucos conseguem exercê-la por longos anos. Especialistas já maduros, quando começam a perder o viço, usam sua vasta experiência para selecionar e formar jovens iniciantes. Dedicam-se a percorrer escolas e associações, especialmente em comunidades carentes, em busca de pupilos.  Tornam-se agenciadores de novos talentos. Reúnem à sua volta uma legião de garotos e garotas dispostos a se aventurarem no sedutor e contingente mundo da dança.




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