domingo, 13 de maio de 2012

COERÊNCIA

 Há muita controvérsia sobre a legalização das drogas e dos jogos. Eu admiro muito as pessoas que têm uma posição formada a respeito, seja a favor ou contra, por se tratar de assunto muito delicado e multifacetado. Eu, pessoalmente, não consigo defender um lado, sem perceber a verdade existente no outro. Falo de jogos e drogas, porque estão no mesmo nível de discussão, envolvem questões muito parecidas de corrupção, lavagem de dinheiro e geração de empregos. E em ambos os casos pode haver dependência física ou psicológica. Mas, poderia perfeitamente incluir nas questões controversas, que merecem uma análise muito profunda dos dois lados da questão, a eutanásia e o aborto. Afinal, o que é viver quando a vida não vale a pena?
  Quanto às drogas, a pergunta é: qual a diferença entre álcool, maconha, cocaína, crack, cigarro, e outras drogas de farmácia? Por que proibir umas e outras não? Sabe-se que o álcool é a droga mais difícil de largar e o maior fator desagregador familiar e gerador de violência doméstica – justamente por ser legalizado, glamourizado e oferecido livremente em qualquer confraternização. O cigarro contém componentes que comprovadamente causam dependência, doenças graves e prejuízos aos que não fumam mas são obrigados a conviver com fumantes. Michael Jackson morreu em conseqüência do uso de uma poderosa droga legal, administrada e controlada por um médico. Inúmeras pessoas, mulheres em geral, tornam-se dependentes de drogas para emagrecer, também administradas e controladas por profissionais da saúde. Elis Regina e tantas outras celebridades morreram por overdose de drogas proibidas, usadas sem nenhum controle. O que faz a diferença? Permissão, proibição, controle, fiscalização? Infelizmente eu não tenho a resposta – ainda.
E o que dizer dos jogos? Mega, quina, loteria federal, bingos, jogo do bicho, cassinos, caça-níqueis. Todos eles podem causar dependência e todos podem ser manipulados também. Os bingos fazem a alegria de velhotes aposentados, que já não têm muitos prazeres na vida. Se legalizados, geram empregos formais, impostos e possibilidades de fiscalização.  Quem é jogador compulsivo gasta mais do que pode em loterias federais ou em carpetas com os amigos. Afinal, eu me pergunto: O que são jogos de azar? Jogos de sorte existem?
     Se em todos os casos de drogas ou jogos há possibilidade de dependência e também de manipulação por parte dos organizadores, por que uns são proibidos e outros são permitidos? Se permitidos, poderão ser mais controlados, arrecadar impostos, gerar empregos formais, diminuir a corrupção, estancar, quem sabe, o crescimento desenfreado do crime organizado. Não que eu defenda o uso de drogas ou a prática de jogos. Mas, uma vez que já existem, não vejo sentido em proibir uns e outros não. O que eu realmente defendo é a coerência. Ou se proíbe também o álcool, o fumo e as loterias, ou não se proíbe nada.

           

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