Há
muita controvérsia sobre a legalização das drogas e dos jogos. Eu admiro muito
as pessoas que têm uma posição formada a respeito, seja a favor ou contra, por
se tratar de assunto muito delicado e multifacetado. Eu, pessoalmente, não
consigo defender um lado, sem perceber a verdade existente no outro. Falo de
jogos e drogas, porque estão no mesmo nível de discussão, envolvem questões
muito parecidas de corrupção, lavagem de dinheiro e geração de empregos. E em
ambos os casos pode haver dependência física ou psicológica. Mas, poderia perfeitamente
incluir nas questões controversas, que merecem uma análise muito profunda dos
dois lados da questão, a eutanásia e o aborto. Afinal, o que é viver quando a
vida não vale a pena?
Quanto
às drogas, a pergunta é: qual a diferença entre álcool, maconha, cocaína,
crack, cigarro, e outras drogas de farmácia? Por que proibir umas e outras não?
Sabe-se que o álcool é a droga mais difícil de largar e o maior fator
desagregador familiar e gerador de violência doméstica – justamente por ser
legalizado, glamourizado e oferecido livremente em qualquer confraternização. O
cigarro contém componentes que comprovadamente causam dependência, doenças
graves e prejuízos aos que não fumam mas são obrigados a conviver com fumantes.
Michael Jackson morreu em conseqüência do uso de uma poderosa droga legal,
administrada e controlada por um médico. Inúmeras pessoas, mulheres em geral,
tornam-se dependentes de drogas para emagrecer, também administradas e
controladas por profissionais da saúde. Elis Regina e tantas outras celebridades
morreram por overdose de drogas proibidas, usadas sem nenhum controle. O que
faz a diferença? Permissão, proibição, controle, fiscalização? Infelizmente eu
não tenho a resposta – ainda.
E o que
dizer dos jogos? Mega, quina, loteria federal, bingos, jogo do bicho, cassinos,
caça-níqueis. Todos eles podem causar dependência e todos podem ser manipulados
também. Os bingos fazem a alegria de velhotes aposentados, que já não têm
muitos prazeres na vida. Se legalizados, geram empregos formais, impostos e
possibilidades de fiscalização. Quem é
jogador compulsivo gasta mais do que pode em loterias federais ou em carpetas
com os amigos. Afinal, eu me pergunto: O que são jogos de azar? Jogos de sorte
existem?
Se em
todos os casos de drogas ou jogos há possibilidade de dependência e também de
manipulação por parte dos organizadores, por que uns são proibidos e outros são
permitidos? Se permitidos, poderão ser mais controlados, arrecadar impostos,
gerar empregos formais, diminuir a corrupção, estancar, quem sabe, o
crescimento desenfreado do crime organizado. Não que eu defenda o uso de drogas
ou a prática de jogos. Mas, uma vez que já existem, não vejo sentido em proibir
uns e outros não. O que eu realmente defendo é a coerência. Ou se proíbe também
o álcool, o fumo e as loterias, ou não se proíbe nada.
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