Uma das cenas mais representativas do Cristianismo é a
Santa Ceia, onde os apóstolos comem e bebem com Cristo pela última vez. Talvez isto explique porque as festas cristãs
mais comemoradas, até mesmo por quem não tem fé alguma, são aquelas onde se
come e bebe com fartura. O simbolismo que o alimento tem na mesa origina-se das
sociedades antigas, que passavam fome e encontravam na comida e na bebida uma
forma de reverenciar a Deus.
Alguém sabe o dia de se homenagear São Miguel Arcanjo –
aquele que enfrentou Lúcifer, defendendo a autoridade de Deus? É em 29 de
setembro, mas poucos sabem, provavelmente porque a festividade não envolve
gastronomia. No entanto, o dia de São Miguel Arcanjo está entre as principais
comemorações do Cristianismo, que são seis.
A
Páscoa - que ocorre no primeiro domingo depois da lua cheia, a partir de 21 de
março (data do equinócio) – é considerada a data máxima cristã, pois comemora a
ressurreição de Jesus Cristo. A passagem da morte para a vida eterna. Os
principais símbolos são o ovo, que representa a vida, e o coelho, que
representa a fertilidade. O chocolate foi introduzido no século XX, com
propósitos comerciais, estabelecendo o consumo no mundo inteiro, através de
bombons e ovos. Na Sexta-feira Santa, ao invés de jejuar, troca-se a carne
vermelha por peixe e se bebe vinho além da conta. No domingo de Páscoa, a fim
de recuperar as energias perdidas na quaresma, assa-se uma costela gorda,
acompanhada de muita cerveja. E as crianças lambuzam-se de guloseimas.
Depois
da Páscoa (50 dias) temos Pentecostes, outra data pouco lembrada no calendário
atual. A comemoração tem origem no Antigo Testamento, como uma celebração da
colheita, onde o povo oferecia a Deus os primeiros frutos da terra. Já no Novo
Testamento perdeu a característica gastronômica, ficando representativa da
celebração da efusão do Espírito Santo. Motivo pelo qual, provavelmente, perdeu
a importância como festa popular.
Antes
da Páscoa (40 dias) temos o Carnaval. Data limite para comer, beber e fazer
sexo antes da quaresma – período de jejum e abstinência. A intenção foi levada
tão a sério que, atualmente, o Carnaval, de origem cristã, já é considerado uma
festa pagã.
Mas,
a festa cristã mais gastronômica é, sem dúvida, a festa de São João – Festa
Joanina, que terminou por virar festa junina, dando espaço para homenagear mais
dois santos populares do mês de junho: São Pedro e Santo Antônio. Junho é a
época da colheita do milho, logo as comidas típicas são feitas, em sua maioria,
deste cereal. Pamonha, cuscuz, canjica, pipoca e bolo de milho são as estrelas
da festa. Mas, também reinam com destaque a cocada, o pé-de-moleque, o pinhão,
o quentão e a batata doce. São tantas as gostosuras que enchem os olhos de
adultos e crianças nestas ocasiões, que é impossível enumerar todas.
E,
por fim, temos o Natal, que, como todos sabem, comemora o nascimento de Jesus.
A típica ceia natalina no Brasil inclui, além do peru e do panetone, presunto,
chester, pernil de porco, rabanada, bolinho de bacalhau e nozes. Esta ilustra
bem tudo o que foi dito. É uma festa que sobrevive bem sem o presépio, sem a
missa do galo, sem a lembrança do Cristo. Mas, jamais sem os presentes e a
comilança.
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