quarta-feira, 30 de maio de 2012

VIRANDO O JOGO


A televisão é taxada de alienante e emburrecedora. Há quem se orgulhe de dizer que não assiste televisão. Porque faz merchandising, transforma pessoas comuns em celebridades do dia para a noite, vicia, desagrega e tudo o mais. Novelas, então, costumam ser as vilãs. Ou porque retratam histórias improváveis de acontecer, ou, pelo contrário, porque são realistas demais. Apresentando temas nem sempre bem aceitos socialmente, tais como a união entre pessoas do mesmo sexo, ou a existência de vida após a morte.
Se for entretenimento em grupo, a tevê pode servir de pretexto para que se traga para o núcleo familiar a discussão de assuntos polêmicos, apresentados diariamente. Da mesma forma que acompanhamos a novela das sete, acompanhamos o desenrolar de uma ocorrência policial, a decisão de um campeonato de futebol, ou o desfecho de uma prova num reality show. Em todos os casos o que nos move é a curiosidade.
            Na minha casa, assistimos muito à televisão. Desde noticiários, até novelas e programas menos nobres. Assistimos todos juntos, e comentamos. Trocamos algumas alfinetadas, que rendem boa prosa. E muita reflexão. Os acontecimentos, fictícios ou não, da tevê trazem à baila assuntos que envolvem ética, comportamento, socialização, direitos e deveres. Que oportunidade melhor teria eu, como mãe, de testar meus jovens filhos sobre tudo o que lhes venho ensinando? As situações que se apresentam nas novelas me dão a oportunidade de reforçar conceitos, sem a entediante prática do sermão. Desta forma, discutimos livremente sobre drogas, sexo, infidelidade, honestidade, respeito e tantos outros temas difíceis de conversar com filhos adolescentes. A ficção faz com que os assuntos sejam tratados com mais leveza. Educar fica mais fácil, divertido e casual. Eles aprendem como devem se comportar quando vivenciarem uma situação semelhante. Ou, pelo menos, como a mãe gostaria que se comportassem.
            Não pretendo tornar-me uma defensora das telenovelas, mas entendo que só se aliena quem quer. A novela é uma história inventada, mas com fortes nuances da vida real. Retrata situações que, muitas vezes, estão presentes no dia-a-dia da maioria de nós. Da mesma forma que uso os fatos reais apresentados no jornal para discutir questões éticas com meus filhos, aproveito-me também de situações fictícias, e faço delas minhas aliadas na difícil tarefa de formar cidadãos de bem.
            Toda e qualquer circunstância de vida pode alienar ou emburrecer. Depende da capacidade crítica de cada um. Assim como um revés financeiro, uma perda, um problema pessoal de saúde, enfrentados com coragem e sabedoria, podem nos fortalecer, também um olhar crítico sobre programas menos nobres, que parecem não acrescentar nada, pode resultar numa boa oportunidade de diálogo, fortalecendo as relações familiares e valorizando princípios morais e afetivos.   

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