Cozinhar
há muito já deixou de ser uma prenda feminina. No meu caso, nunca foi. A pior
tarefa doméstica é justamente a mais importante, sem a qual não vivemos.
Podemos andar com as roupas amarrotadas ou sujas. Não é bonito, mas pode.
Podemos deixar a casa suja, o pó tomando conta dos móveis e as camas desarrumadas.
Mas não podemos deixar de comer. Para comer, alguém tem que cozinhar. E, depois
de comer, alguém tem que limpar. E voltamos ao início. Podemos deixar de limpar
a cozinha, mas não podemos deixar de fazer a comida na hora certa.
Porém, observando uma propaganda de
pizza pronta, numa revista semanal, percebi o quanto isso tudo é passado. Tempo
da minha avó e da minha mãe. Já não é mais problema para mim e nem será para as
gerações que se seguem. Desde que inventaram o freezer e o micro-ondas, a
mulher foi libertada da cozinha. São coisas tão importantes na nossa evolução
profissional e pessoal, quanto o uso de contraceptivo
Hoje dispomos de fast-food,
tele-entrega, restaurantes que funcionam 24 horas e grandes redes que fazem
alimentos congelados, vendidos em qualquer supermercado. Basta adquirir um, ou
vários, — para a semana toda, — e guardar no freezer de casa. Na hora da fome,
mulher, marido ou filhos podem preparar a refeição de toda a família. Quase sem
sujeira e pouquíssimo trabalho.
Nos dias de hoje a cozinha está cada
vez mais integrada à sala de estar, sem paredes, com lindos balcões de pedra, e
máquinas facilitadoras para quase tudo. Sempre apta a receber os amigos para um
drinque e uns petiscos. Nada de sujeira e cheiros fortes. Não é mais lugar para
se esconder das visitas, fechando a porta, como quem varre a sujeira para baixo
do tapete. Agora, queremos que todos visitem a nossa cozinha. E,
principalmente, gostamos de ser visita
em nossa cozinha. Adeus avental, touca e cheiro de cebola nas mãos. Por ali de
passagem. Com o cabelo arrumado, o salto bem alto e as unhas perfeitas.
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