“A palavra complica muito.”
(Antônio Maria)
Foi
um encontro carnal.
A
emoção tornou desnecessária qualquer palavra.
Nossos
olhos brilharam num diálogo de luz.
E os
corpos exalaram odores de desejo.
Bebi
dos teus lábios na querência de mantê-los calados.
Nossos
gemidos desconexos diziam tudo.
Entoavam
letras embaralhadas de canções de amor.
Dedilhamos
nossos corpos formando letras gregas e arabescos de sedução.
Pernas
entrelaçadas nas cruzadas do amor.
A
temperatura de nossos corpos era um inflamado discurso em defesa da paixão.
Sensações
que dispensavam promessas.
E quantas
vezes voltaste com jeito de quero mais!
Meu
peito arfava sempre que sim.
Calados
e sem qualquer emoção
Teus
olhos fugidios desencontrando dos meus.
Teu
corpo exalando as tuas dúvidas.
Teus
gestos denunciando a tua pressa.
Meus
lábios cerrados, grunhidos que falam de dor.
Tua
mão tatuada em meu rosto.
O
desenlace de tudo
Num
discurso amargo e hostil.
Levantas
com ímpeto de quem já vai.
Bates
a porta com a força de quem dá adeus.
Ao
sair, me deixaste no escuro.
Mas
ainda brilham em mim faíscas das palavras mal ditas.